Formação de Bragança na depressão de Mirandela
Os depósitos da Formação de Bragança da região de Mirandela, estão representados por dois Membros (Membros de Castro e Atalaia) e afloram nas manchas do Alto da Bandeira, Alto dos Cortiços e Torre D. Chama. Apresentam algumas características particulares:
Quanto à constituição e formas das partículas:
Quanto à arquitectura deposicional:
Com base nos dados obtidos, esta unidade caracteriza-se pela acumulação de sedimentos imaturos, de origem próxima, que evoluiram em ambiente confinado.
Após a sedimentação fina predominante do topo do Membro de Castro e apesar do curto transporte, os corpos sedimentares areno-conglomeráticos do Membro de Atalaia, revelam fluxos aquosos organizados, com preenchimento de canais e acreção lateral de barras.
A abundância de litofácies reveladoras de fluxos organizados, não é característica de um modelo de leque aluvial proximal, como parece sugerir a deposição de uma espessura apreciável de sedimentos subangulosos nas proximidades de uma escarpa tectónica. Admite-se que estas características resultem da captura de fluxos aquosos proximais, numa depressão com drenagem deficiente.
Os sedimentos localizam-se ao longo das escarpas de falhas da zona de fractura de Mirandela, cuja movimentação tectónica afectou a posição original dos depósitos; na mancha de Torre de D. Chama a falha principal limita o depósito a leste e a sul, no Alto da Bandeira, é notória a sua inclinação tectónica. Recentemente foi posta a descoberto uma falha inversa que coloca o substrato paleozóico sobre os depósitos desta formação.
Formação de Mirandela
A Formação de Mirandela é essencialmente constituída por uma sucessão de níveis conglomeráticos de matriz arenosa, intercalados com alguns níveis arenosos estreitos e raros lutitos. Os clastos, medianamente desgastados (I.D.= 140), são essencialmente quartzosos: quartzo, quartzitos e quartzoliditos na fracção grosseira; na fracção arenosa, a frequência de feldspatos é superior à que ocorre nos restantes depósitos, mas estão ausentes os fragmentos líticos. Na fracção argilosa a caulinite é largamente predominante sobre a ilite.
Os clastos revelam uma origem parcial em granitóides, que após a sua alteração, forneceu grande quantidade de areias de quartzo e feldspato.
Os sedimentos preenchem paleovales estreitos e profundos talhados no substrato. As litofácies conglomeráticas maciças ou com organização incipiente são largamente dominantes e representam essencialmente a deposição em fundo de canal, com reduzida representação de barras conglomeráticas. É repetitivo, ao longo do perfil, o preenchimento grosseiro dos canais com dimensão métrica, sempre cortados por canais semelhantes. Em alguns casos persistem as litofácies superiores do enchimento dos canais, arenosas e lutíticas.
De acordo com a caracterização efectuada, propõem-se para a Formação de Mirandela:
Formação de Aveleda na depressão de Mirandela
Admite-se a representação da Formação de Aveleda nas proximidades de Sucçães, por depósitos que se situam no flanco oeste da depressão de Mirandela. São depósitos superficiais, pouco espessos e de reduzida exposição, dispostos sobre uma superfície aplanada de erosão, com uma inclinação de 4%, resultante de basculamento tectónico. A sua posição geomorfológica diferencia-os das unidades definidas anteriormente. São depósitos quartzosos nas fracções grosseira e arenosa, sem feldspatos e caulinítico-ilíticos na fracção <2µm. Os clastos são subrolados (I.D.=99).
Estes depósitos resultam fundamentalmente da alteração das fácies filitosas e desagregação de quartzitos e filões de quartzo. A forma como se dispõem sobre a superfície regularizada e as litofácies identificadas em dois afloramentos, sugerem uma origem em fluxos do tipo debris-flow e mud-flow.
Depósitos de Sta Comba
Estes depósitos dispõem-se no flanco sul da Serra de Sta Comba (Mirandela) e são constituídos pela imbricação de clastos subangulosos com origem nos níveis quartzíticos superiores e por uma matriz areno-lutítica pouco abundante e predominantemente ilítica.
Estes materiais estão em relação com um processo actual de regularização do relevo e constituição de um perfil de equilíbrio. Associam-se às últimas fases de evolução da paisagem regional.
Geomorfologia
Modelo de interpretação
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