Aspectos Geológicos e Geomorfológicos do PNPG

A área do PNPG integra-se no Maciço Hespérico ou Maciço Ibérico que constitui uma das unidades estruturais da Península Ibérica e um segmento da Cordilheira Varisca da Europa. A edificação desta estrutura, pela actuação de forças compressivas, inicia-se no Devónico, há cerca de 380 Ma (milhões de anos), tendo-se prolongado até ao Pérmico (280 Ma) - orogenia Hercínica ou Varisca.
O Maciço Ibérico apresenta-se zonado, definindo-se habitualmente cinco zonas com características paleogeográficas, tectónicas, magmáticas e metamórficas distintas. A área do PNPG situa-se na Zona Centro-Ibérica (a zona mais interna da Cadeia Varisca). Esta zona é genericamente caracterizada pela existência de rochas muito deformadas e afectadas por elevado grau de metamorfismo e ainda pela predominância de
rochas graníticas.

Zonas paleogeográficas e tectónicas do Maciço Ibérico segundo Lotze (1945), modificado. ZC- Zona Cantábrica; ZAL- Zona Asturo-Leonesa; ZCI- Zona Centro-Ibérica; ZOM- Zona de Ossa-Morena; ZSP- Zona Sul Portuguesa.

Assim, na área do Parque, à semelhança de toda a região Noroeste de Portugal, predominam rochas graníticas (ver mapa geológico) que se instalaram na crusta terrestre no decurso da orogenia Varisca. As rochas graníticas mais antigas (aprox. 320-310 Ma) afloram na Serra do Soajo, Serra Amarela, planalto de Castro Laboreiro e no extremo oriental da Serra do Gerês. Na restante área (Serra da Peneda e Serra do Gerês) afloram os granitos mais recentes que constituem um mesmo maciço intrusivo (maciço granítico de Peneda-Gerês), com cerca de 297-290 Ma de idade. Estes granitos destacam-se perfeitamente na paisagem dado que conferem àquelas serras um relevo mais vigoroso e desnudado do que a área circundante.

Aspecto macroscópico do granito de Gerês


Aspecto macroscópico de epissienito
Nas etapas finais ou posteriores à cristalização dos magmas graníticos tiveram lugar processos de alteração hidrotermal que ocorreram preferencialmente ao longo de fracturas nos granitos, sobretudo nos granitos do maciço de Peneda-Gerês. Estes processos conferiram-lhes uma coloração avermelhada, por vezes acompanhada de uma intensa modificação da composição original, transformando-os em epissienitos.

Rochas sedimentares de idade silúrica provável (entre 435 e 408 Ma), posteriormente deformadas e metamorfizadas, afloram no extremo NE do planalto de Castro Laboreiro e entre Lindoso e S. Bento do Cando. São constituídas predominantemente por xistos, metagrauvaques e quartzitos.

Nos granitos e metassedimentos ocorrem filões de rochas básicas, de quartzo e filões e massas aplito-pegmatíticos. Alguns dos filões de quartzo e aplito-pegmatitos apresentam-se mineralizados, tendo havido no passado explorações mineiras de estanho, volfrâmio, molibdénio e ouro (tal como as antigas minas de Carris e Borrageiro). Infelizmente, muito deste património geológico tem sido destruído ao longo dos anos.

Filão de rocha básica (estrada Gerês-Leonte)


Circo glaciário de Cocões de Concelinho
No Quaternário, mais precisamente no Plistocénico (há cerca de 1.8 Ma a 10 000 anos), ocorreram importantes variações climáticas à escala do globo que se caracterizaram pela alternância de períodos glaciários (muito frios) e interglaciários, com glaciações a atingirem, inclusivamente, as latitudes médias. Embora sejam poucas as formas claramente glaciárias, nas serras da Peneda e do Gerês foram identificados vestígios dessas glaciações, dos quais merecem especial destaque os do Alto Vale do Vez e zona de Cocões de Concelinho - Lagoa do Marinho (vales com perfil em U; moreias; circos glaciários; superfícies de granito polidas, estriadas e com sulcos; depósitos glaciários).

Depósitos fluviais, torrenciais e glaciários constituem as formações geológicas mais recentes na área do Parque e encontram-se presentes em diversos pontos, sendo de destacar os de origem glaciar na Ribeira de Couce, Lagoa do Marinho e no Alto Vale do rio Vez.

Depósito junto à albufeira de Vilarinho das Furnas


Rede de fracturação afectando o granito de Gerês
Uma intensa rede de fracturação afecta as rochas e é bem visível sobretudo nas zonas elevadas com menor cobertura vegetal, onde afloram os granitos mais recentes (serras da Peneda e do Gerês).

Essa fracturação condiciona a rede de drenagem a vales encaixados de traçado rectilíneo com diversas direcções. Na área do Parque é bem visível a presença das direcções NNE-SSW (vales do Gerês e da Senhora da Peneda), ENE-WSW (traçado geral dos rios Lima e Cávado), NNW-SSE e N-S (direcção de muitos afluentes).

Traçado rectilíneo do Vale do Gerês

A acção dos agentes atmosféricos sobre as rochas graníticas, em conjugação com a rede de fracturas, origina uma paisagem típica das regiões graníticas, por vezes constituída por curiosas formas (penhas, bolas, caos de blocos, blocos pedunculados, pias).

Blocos empilhados (Serra do Gerês)
Pia ou marmita de gigante (Ribeiro do Penedo)

As condições geológicas desta região, quer litológicas quer tectónicas, são responsáveis pela riqueza química das águas que brotam neste maciço. As características físico-químicas destas águas minerais naturais permitem a sua utilização para fins medicinais (Termas das Caldas do Gerês) e como água de mesa (Água do Fastio).

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