As glaciações no PNPG

A existência de vestigios de glaciações na área do PNPG tem sido, desde há muito tempo, motivo de controvérsia entre os especialistas. No entanto, os trabalhos mais recentes demonstram que, durante o Plistocénico, existiram de facto glaciares nesta região num período de tempo em que o clima era muito mais frio do que o actual. Os indícios desta actividade glaciária não são nem muito numerosos nem muito evidentes, quando comparados com os que ocorrem na Serra da Estrela, por exemplo.

Na Serra do Gerês durante o Plistocénico, o gelo ocupava as terras mais altas da zona Centro-Leste durante a fase máxima da glaciação, de onde derivavam línguas glaciárias para os vales vizinhos. Encontram-se testemunhos destas glaciações a cotas mais baixas, como é o caso do depósito glaciário da Ponte do Rio Homem a 725m.

Na Serra do Gerês podemos encontrar os circos glaciários de Cocões de Concelinho (fotografia da esquerda) e o da cabeceira da Ribeira das Negras, sendo o primeiro uma das formas glaciárias mais típicas. Estima-se que nesta região o gelo tenha atingido uma espessura da ordem dos 150m.

Outro dos indícios mais evidentes são as moreias, ou seja, acumulações de calhaus e blocos, mais ou menos alinhados, que foram antes arrastados pelos glaciares. A distinção entre as moreias e depósitos de blocos com outras origens pode ser difícil, em especial devido à grande homogeneidade litológica na região.
Em alguns locais, ocorrem depósitos cujos sedimentos provêm de moreias desmanteladas, como o da fotografia da direita (barreira do estradão no Alto da Surreira do Meio Dia).
Ocorrem ainda outros depósitos glaciares que, ao contrário das moreias, não originam formas de relevo relevantes. São depósitos designados por till, que lembram as areias graníticas (o material que resulta da alteração dos granitos), embora possam conter calhaus mais ou menos angulosos (fotografia da esquerda, estradão Porto da Lage - Portas do Abelheiro). Os tills apresentam ainda uma grande compactação, em especial dos materiais mais finos.
A NW do PNPG, muito próximo do seu limite, são observáveis indícios claros de glaciarismo na Serra da Peneda, principalmente ao longo do alto vale do Rio Vez. A ocorrência de blocos erráticos graníticos (fotografia da esquerda) sobre uma vertente pouco inclinada de xisto é uma das melhores evidências. Estes blocos, outrora deslocados das áreas graníticas pela massa de gelo, repousam agora no substrato xistoso, depois do glaciar ter derretido.