A geomorfologia do PNPG

A área do PNPG corresponde a uma região essencialmente montanhosa com cotas geralmente acima dos 700 m de altitude, atingindo os 1545 m em Nevosa (Serra do Gerês). A geomorfologia da Serra do Gerês é marcada pela existência de uma zona aplanada a SO, formando os planaltos de Campo do Gerês e de Covide, e por uma zona central dominada por relevos isolados, conhecidos regionalmente por penhas. Cita-se, por exemplo, Albas a 1390 m, Cidadelha a 1469 m e Compadre a 1238 m. Podem atingir as dimensões de autênticos pequenos maciços, cujos perfis geométricos se destacam no horizonte. Os cumes mais elevados, próximo das minas de Carris, têm formas menos pontiagudas, apesar das vertentes serem muito acentuadas. Para NE, na região de Tourém, a Serra tem um relevo menos acidentado, sendo as formas mais suaves. Estas diferenças de relevo estão intimamente relacionadas com o tipo de granito que aflora em cada uma das zonas.

Neste perfil topográfico evidencia-se a diminuição da altitude para sul, existindo uma variação de cotas que ultrapassa os 1000 m em cerca de 15 km.

 

Nas regiões graníticas é muito comum o desenvolvimento de determinadas formas de relevo que não são, no entanto, exclusivas deste ambiente litológico.


Bolas graníticas (Serra do Gerês)
Uma das formas de relevo mais comum em regiões graníticas é a bola (fotografia da esquerda), uma massa com forma mais ou menos arredondada e com diâmetro a partir de 25 cm, podendo atingir dezenas de metros (há referências a diâmetros de 33 m). Esta forma está presente em todas as zonas climáticas e pode existir isolada ou em grupos, no cimo de montes, nas encostas, nos fundos de vale ou nas planícies.
Algumas destas bolas adquirem formas curiosas às quais a imaginação popular logo trata de atribuir designações como "tartaruga", "águia", etc.

Outra forma de relevo comum é o designado inselberg (“monte-ilha”). Trata-se de um afloramento rochoso protuberante que pode tomar formas diversas, como a de bornhardt (forma dômica desprovida de cobertura e com flancos inclinados, denominado localmente por “meda” - fotografia da direita) ou castle koppie (forma acastelada com fracturas ortogonais e verticais dominantes, conhecido localmente por “borrageiro”).


Meda (Serra da Peneda)

Associadas às formas de relevo maiores encontram-se, por vezes, formas menores como pias e blocos pedunculados.

As pias são depressões escavadas no substrato rochoso. Em planta têm uma forma normalmente circular, oval ou elíptica. São formas onde há retenção temporal de água que habitualmente desaparece por evaporação (fotografia da direita).
A água é o principal responsável pela formação inicial e desenvolvimento das pias. Por vezes é visível a associação entre as pias e as fracturas ou fissuras na rocha, zonas onde a desagregação da rocha é naturalmente mais propícia. Outras vezes é difícil explicar porque razão as pias se encontram em determinado local. A frequente existência de heterogeneidades na rocha, por exemplo, a distribuição irregular ou concentração de minerais mais susceptíveis à alteração, como biotite e feldspatos no caso das rochas graníticas, leva à existência de zonas onde a meteorização é preferencial e onde se podem formar concavidades que evoluem posteriormente para pias.


Pias no miradouro junto ao Centro Interpretativo do Mezio (Serra da Peneda)

Bloco pedunculado (Serra do Gerês)

Os blocos pedunculados caracterizam-se por se assemelharem a cogumelos e são uma das várias formas resultantes da corrosão que tem lugar na base de relevos residuais. A corrosão na base é, na maior parte dos casos, ocasionada pela humidade do solo. Esta ataca as bolas ou colunas de rocha em seu redor. As paredes das concavidades basais são frequentemente rugosas, pois estas superfícies corroídas desenvolvem-se melhor em rochas cristalinas de granulometria grosseira ou textura porfiróide. Refira-se que a corrosão basal é vista a afectar, inclusivamente, menires, o que indica que, à escala do tempo geológico, se trata de um processo rápido.

No leito dos cursos de água que atravessam a região, podem ser observados aspectos típicos da erosão fluvial de montanha, tais como marmitas de gigante (fotografia da direita).

Na área do PNPG ocorrem ainda formas típicas que resultaram de actividade glaciária existente no passado.


Marmita de gigante (Serra do Gerês)