Linhas de água
	A presença de uma linha de água reflecte-se na região imediatamente envolvente, como consequência de uma série de variações importantes nas condições ambientais dos terrenos a esta adjacentes. O factor mais marcante é, sem dúvida, a maior disponibilidade hídrica das zonas ribeirinhas, que se traduz numa maior proximidade do nível freático, com consequências no desenvolvimento da vegetação, Facilmente identificáveis à distância, as regiões envolventes das linhas de água caracterizam-se pela presença de uma flora própria, por uma maior humidade e por um regime térmico mais suave. A influência das linhas de água não se limita apenas às margens destas. É possível, em alguns casos, verificar a existência de um gradiente de humidade que se inicia no interior da própria massa de água e que se prolonga até um ponto, mais ou menos afastado, em que a paisagem retoma as características das regiões em que não existe água livre.
						O principal carácter distintivo de uma linha de água na paisagem em que se integra é a vegetação a esta associada. As florestas ribeirinhas surgem como uma faixa de verdura que acompanha a linha de água, formando com frequência as chamadas galerias, quando o seu aspecto as individualiza da restante paisagem. As etapas mais maduras da vegetação ribeirinha caracterizam-se pela sua estrutura arbórea, sendo árvores das famílias Salicacea (salgueiros), Ulmacea (olmeiros ou negrilhos), Betulacea (bétulas) e Oleacea (oliveiras) os seus elementos principais. São bosques cuja cobertura superior pode atingir os 20-30 metros de altura e em que as espécies dominantes são de crescimento rápido e de longevidade que ronda, em média, apenas uma centena de anos.
	O sub-bosque é muito variável, dependendo fundamentalmente das condições luminosas que, por sua vez, são condicionadas pelas espécies arbóreas que lhes estão por cima. Quando as condições de luz são boas, este é conspícuo e floristicamente rico. Nos casos em que a luz é reduzida, criam-se condições para o desenvolvimento de táxones pouco exigentes em luz, como os Pteridófitos (fetos). Nos casos em que a degradação paisagística chegou ao ponto em que não são mais visíveis elementos arbóreos, a presença de água manifesta-se pelo maior desenvolvimento vegetal (geralmente matos) e, eventualmente, pela presença de táxones pertencentes ao cortejo arbustivo e herbáceo das florestas ribeirinhas.
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