O microscópio petrográfico

O que é?
O microscópio petrográfico é um instrumento utilizado na observação de rochas e minerais, possibilitando ampliações que atingem normalmente as 400 x.

Serão todos os microscópios petrográficos iguais?
Existem dois tipos principais de microscópios petrográficos: os de luz transmitida e os de luz reflectida (em certos modelos, o mesmo aparelho permite estas duas possibilidades). Nos primeiros, a fonte de luz encontra-se na parte inferior do microscópio, sendo a luz conduzida por um sistema de lentes que, atravessando a amostra de rocha, permite que esta seja observada. A imagem resultante deste processo é ampliada por um sistema de objectivas e oculares. Desta forma são observadas as características das rochas e minerais quando estes são atravessados pela luz. As observações em luz transmitida apenas são possíveis com amostras que sejam quase transparentes, ou seja, que se deixem atravessar pela luz. Nos microscópios de luz reflectida a fonte de luz encontra-se sobre a amostra e o que é observado é o resultado da reflexão da luz sobre a amostra. Os minerais opacos são estudados com o microscópio de luz reflectida.
Os microscópio de luz transmitida são os mais vulgarmente utilizados na observação de amostras e rochas e minerais.

Quais as particularidades dos microscópios petrográficos?
O microscópio petrográfico distingue-se do microscópio vulgarmente usado em Biologia em dois aspectos essenciais:

A existência da platina rotativa é necessária para que possam ser observadas determinadas características dos minerais quando atravessados pela luz , tais como o pleocroismo e a medição dos ângulos de extinção. Isto porque a maioria dos minerais comporta-se de maneira diferente consoante a direcção em que a luz os atravessa. Quando rodamos a platina, estamos a variar a direcção em que a luz atravessa o mineral e a observar as suas diversas propriedades.

De um modo simplista, podemos considerar que a luz é formada por partículas e por ondas que vibram em todas as direcções. Quando a radiação luminosa atravessa os nicóis, as respectivas ondas passam a vibrar apenas num único plano, designando-se assim por luz polarizada. No microscópio petrográfico, o polarizador e o analisador estão colocados de modo a que os respectivos planos de polarização sejam perpendiculares. Isto é, se não estiver a ser observada nenhuma amostra, o campo do microscópio apresenta-se totalmente extinto (escuro) quando os dois polarizadores estão inseridos.
Podemos tentar perceber o que se passa se imaginarmos uma persiana que apenas deixaria passar os raios do sol numa única direcção. Se tivermos outra persiana a 90°, teóricamente não passaria nenhum raio de luz pela janela.

As observações com microscópio de luz transmitida são sempre efectuadas com luz polarizada, uma vez que o polarizador está sempre inserido. O analisador pode estar ou não inserido pelo que podem ser feitas observações com luz polarizada não analisada (analisador não inserido) ou com luz analisada (analisador inserido).
Nota: Vulgarmente usam-se os termos luz natural e luz polarizada de uma forma que pode originar alguma confusão. Assim designam-se vulgarmente as observações feitas com luz polarizada não analisada por observações em luz natural ou com nicóis paralelos; As observações com luz polarizada analisada designam-se, normalmente, por observações com luz polarizada ou com nicóis cruzados.

O que se pode observar com os microscópios petrográficos?
O estudo de rochas e minerais com a ajuda do microscópio petrográfico é um procedimento obrigatório para quase todos os tipos de trabalho que o geólogo desenvolve. Com este instrumento é possível observar aspectos que, devido à sua reduzida dimensão, não podem ser observados nas amostras de mão. Por exemplo, detectam-se minerais de pequenas dimensões, observam-se os contactos entre diferentes minerais e pode estimar-se a sua percentagem numa dada rocha.

Podemos observar qualquer rocha ao microscópio?
Para os microscópios de luz transmitida, as amostras têm se ser o mais transparente possivel. Assim, as rochas são cortadas numa fatia muito fina que é colada sobre uma lâmina de vidro. Este conjunto é depois desgastado com equipamento próprio de modo a que a espessura da lâmina de rocha não ultrapasse os 0.03 mm pois só assim se garante a transparência. Embora não pareça, um granito, por exemplo, quando cortado muito fino é praticamente transparente.
As amostras de rochas para serem estudadas com microscópios de luz reflectida são polidas de modo a que a sua superfície reflicta o mais possível a luz que vai incidir sobre elas - ver explicações mais pormenorizadas no ítem preparação das rochas.