Texturas das rochas magmáticas (principais tipos de texturas)

Nas rochas magmáticas a textura descreve a cristalinidade da rocha, a dimensão e a forma dos cristais e as relações e arranjos dos seus constituintes. Embora em algumas rochas seja possível observar, à vista desarmada, alguns dos aspectos anteriormente referidos (quando os cristais apresentam uma dimensão adequada a uma obervação a olho nú), uma descrição pormenorizada da textura implica sempre uma observação da rocha ao microscópio óptico.

Cristalinidade:
A
cristalinidade de uma rocha é dada pela proporção relativa de material cristalizado (cristais) e de material não cristalizado (vidro). Segundo este critério é possível definir três tipos de texturas (quadro 1).

Designação
Descrição
Holocristalinas (fig. 1)
Constituídas essencialmente por cristais (mais de 90%)
Hipocristalinas (fig.2)
Constituídas por uma parte vítrea e uma parte cristalina (nenhuma das partes atinge os 90%)
Holohialinas (fig. 3)
Constituídas essencialmente por vidro (mais de 90%)

Quadro 1- Texturas das rochas magmáticas em função do grau de cristalinidade.

Dimensão dos cristais:
Quanto à dimensão dos cristais a textura pode ser fanerítica (fig. 4), quando os cristais são visíveis e identificáveisà vista desarmada, ou afanítica (fig. 5), quando os cristais só são visíveis ao microscópio (quadro 2).

Faneríticas
Afaníticas
Grão muito grosseiro > 30 mm
Grão grosseiro 5 - 30 mm
Grão médio 2 - 5 mm
Grão fino < 2 mm
Microcristalinas (cristais identificáveis ao microscópio óptico)
Criptocristalinas (cristais não identificáveis ao microscópio óptico)
Quadro 2 - Divisão das rochas cristalinas em função do tamanho do grão
(Adaptado de Dorado, 1989)

Tamanho relativo dos cristais:
Quanto ao tamanho relativo dos cristais as rochas podem ser
equigranulares (fig. 6), quando todos os seus cristais possuem dimensões semelhantes, ou inequigranulares, quando os cristais diferem substancialmente no tamanho. Um dos tipos de textura inequigranular é a porfiróide (fig. 7), em que cristais de maiores dimensões (megacristais ou fenocristais) estão envolvidos por uma matriz fanerítica de grão mais fino.

Forma dos cristais:
Com base na forma dos cristais podem ser definidos três tipos de texturas (quadro 3):
idiomórfica, quando a maioria dos cristais (mais de 90%) são euédricos (com formas geométricas regulares); hipidiomórfica, quando os cristais são subeuédricos ou quando existem conjuntamente cristais idiomorfos, subidiomorfos e xenomorfos, e alotriomórfica, quando a maior parte dos cristais (mais de 90%) são anédricos (com formas geométricas irregulares).

Idiomórficas
Hipidiomórficas
Alotriomórficas
Quadro 3 - Texturs das rochas magmáticas em função da forma dos cristais
(adaptado de Dorado, 1989).

Para além das texturas definidas com base nos aspectos acima referidos, existem outras, referidas por alguns autores como "texturas especiais", visto que raramente afectam toda a rocha ou aparecem relacionadas com uma fase mineral ou associação de fases minerais. São exemplos de texturas especiais as texturas poicilítica (fig. 8), mirmequítica (fig. 9), gráfica (fig. 10) e coronítica (fig. 11).

Fig. 8 - Textura poicilítica
Esta textura caracteriza-se pela existência de cristais de maiores dimensões que possuem numerosas inclusões de cristais mais pequenos de outros minerais. Na imagem um único cristal de plagioclase contém inclusões de cristais de olivina (fotografia em microscópio óptico) (foto in MacKenzie et al., 1982).
Fig. 9 - Textura mirmequítica
Esta textura caracteriza-se pelo intercrescimento de plagioclase com quartzo vermicular. Este intercrescimento encontra-se com frequência nas margens dos cristais de plagioclase no contacto com cristais de feldspato potássico. Na imagem as setas indicam o intercrescimento de quartzo e plagioclase (fotografia em microscópio óptico) (foto in MacKenzie et al., 1982).
Fig. 10 - Textura gráfica
Esta textura caracteriza-se pelo intercrescimento de cristais esqueléticos de quartzo (a negro na imagem), que fazem lembrar a escrita cuneiforme, e feldspato potássico. Esta textura é muito frequente nos pegmatitos graníticos (fotografia de amostra de mão) (foto in MacKenzie et al., 1982).
Fig. 11 - Textura coronítica
Esta textura desenvolve-se por reacção de determinados minerais com a matriz. Os produtos de reacção dispõem-se em volta do mineral primitivo formando uma auréola (coroa). Na imagem é visível uma extensa coroa de minerais de alteração que rodeia os cristais de olivina, no contacto com cristais de plagioclase (fotografia em microscópio óptico) (foto in MacKenzie et al., 1982).

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