Evolução geológica e geoquímica em sistemas actuais desequilibrados por intervenções extractivas. Exemplos do Minho (Portugal) - o Couto Mineiro de Valdarcas

Tese de mestrado apresentada por Teresa Maria F. Valente em 1997

Resumo
A escombreira da mina de Valdarcas na região mineira correspondente ao "Domo de Covas" (Vila Nova de Cerveira), pode considerar-se um local chave para a realização de um estudo integrado, dos desequilíbrios ambientais desencadeados por intervenções extractivas sobre depósitos minerais com sulfuretos metálicos. A mineralização scheelítico - volframítica em coexistência com sulfuretos metálicos, silicatos cálcicos e carbonatos, confere ao depósito, as características peculiares que determinaram o impacte específico associado à acumulacão em escombreira, dos estéreis de sulfureto. Esta escombreira e o respectivo impacte constituem o objecto de estudo nesta tese.

Decorridos mais de dez anos sobre o abandono da exploração, continuam a manifestar-se os efeitos dos desequilíbrios associados à intervenção. Eles são o resultado das numerosas reacções de reequilíbrio desencadeadas pela interacção dos processos de meteorização, que afectam a mineralogia primária, instabilizada.

As reacções de interacção água - mineral, que ocorrem em escombreira, traduzem-se na geração de águas de drenagem ácida ("AMD"), e no desenvolvimento de neoformações mineralógicas supergénicas. Em consequência ocorre a contaminação do sistema fluvial do rio Coura, caracterizada essencialmente por baixos valores de pH, concentrações metálicas elevadas e intensa cromatização do leito.

As paragéneses rnineralógicas de neoformacão, onde se incluem os sais solúveis minerais, as couraças ferralíticas e as argilas, reflectem por um lado a natureza da mineralogia do depósito e por outro a ocorrência de ciclos de dessecação - lixiviação, associados às variações sazonais de pluviosidade e às condições de drenagem da escombreira. Neste estudo foi dada especial atenção aos sais solúveis e às couraças ferralíticas.

A fracção salina solúvel é representada sobretudo por gesso e diversos sulfatos de ferro, com campos de estabilidade relativamente reduzidos, determinados pela sua elevada solubilidade. Ocorre portanto, com maior expressão, nos meses de Verão.

As couraças ferralíticas constituem massas agregadas representantes de evolução terminal das transformações. Encerram na sua constituição a mineralogia herdada do depósito primário e os minerais neoformados, sobretudo óxidos de ferro e argilas, que asseguram a consolidação do escombro.

O papel de retencão do potencial químico antes fixado nos minerais primários, é desempenhado pela nova mineralogia. Os mecanismos e a eficiência da fixação são diversificados. É neste ponto que residem as principais diferenças entre sais solúveis e couraças, com reflexo directo na composicão das "AMD" e consequentemente no impacte ambiental, no rio Coura.

A fracção salina, pela sua instabilidade, representa apenas uma fixação de elementos temporária, determinada pelas condições de dessecação.

As couraças ferralíticas, pela estabilidade da mineralogia neoformada que encerram, e pela capacidade de isolamento de minerais primários reactivos relativamente à meteorização, ccnstituem uma forma eficaz de fixação do potencial químico, e consequentemente de limitação dos halos de dispersão do impacte associado às "AMD".

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