Morfodinâmica das praias de seixos do Litoral de Esposende

Tese de mestrado apresentada por Eduardo Loureiro em 2000.

Resumo
O conhecimento da dinâmica e evolução das praias de seixos é ainda reduzida apesar de estas ocuparem uma área importante da faixa costeira mundial. Com esta dissertação pretende-se conhecer os processos de evolução a curto e médio prazo que são determinantes em cada área, bem como o seu ritmo, tendo em conta a análise conjunta dos diferentes factores que aí actuam.
O estudo incidiu sobre uma área do litoral de Esposende (Belinho), do noroeste de Portugal porque, actualmente, aquela representa uma realidade diferente comparativamente às praias de seixos situadas a norte de Viana do Castelo.
Durante os últimos anos, as praias arenosas de Esposende têm sido gradualmente substituídas por praias de seixos, cuja permanência é, agora, uma constante neste sector costeiro. A praia de Belinho (Esposende) foi escolhida como uma área representativa e monitorizada durante o último ano. Situa-se a cerca de 5 km a norte da foz do rio Cávado e apresenta uma extensão de cerca de 3 km, estendendo-se até muito próximo da foz do rio Neiva.
A morfologia da praia, ao longo do ano, apresentou alterações em função das condições da ondulação, particularmente pela acção das edge waves associadas à ondulação do tipo mergulhante (plunging breaker). Foram observados três tipos principais de morfologia :

  1. cristas de praia associadas a sistemas de regueiras de praia;
  2. cristas de praia, cúspides de praia e sistemas de regueiras de praia;
  3. sistemas múltiplos de cúspides de praia com diferentes comprimentos de onda.

Em todas as situações a presença de seixos e blocos foi dominante. Além das mudanças morfológicas, a praia apresenta uma erosão crescente, representada pelo aumento da área de afloramentos rochosos (inicialmente inexistentes) na zona de baixa mar e pela acentuada recessão da arriba arenosa talhada nas dunas da antepraia.
Depois das tempestades a praia apresenta um perfil com elevado declive podendo observar-se seixos e blocos junto da arriba arenosa. Durante o período logo após a tempestade, a praia apresenta, frequentemente, uma cobertura arenosa que resulta da recessão da arriba. Esta cobertura arenosa, mais cedo ou tarde, desaparece, conduzindo a uma situação de praia de seixos.
Os principais seixos e blocos são quartzíticos e têm origens diferentes. Alguns deles são provenientes dos afloramentos rochosos emersos, mas outros não têm uma origem equivalente em terra, sendo provavelmente originários dos afloramentos rochosos submersos existentes na plataforma.
Tomando como base os modelos morfosedimentares de Bluck (1967), compararam-se com a praia de Belinho tendo-se inferido algumas analogias e diferenças.
Relativamente à Educação Ambiental desenvolveram-se várias actividades para divulgar as principais mudanças morfodinâmicas que ocorrem nesta zona costeira, a nível da Escola e Comunidade locais, Área de Paisagem Protegida do Litoral de Esposende (APPLE) e Associações Ambientais.
Parte desta dissertação foi motivo de um capítulo do livro ‘Ecology and Geomorphology of Coastal Shingle’ editado por Packham, Randale, Barnes e Neal, European Union for Coastal Conservation (EUCC), a sair em 2000.


Para esclarecimentos adicionais contactar a Prof.ª Drª Helena Granja

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