Causas e processos da dinâmica sedimentar na evolução actual do litoral do Alto Minho

Tese de doutoramento apresentada por António M. Caetano Alves em 1997 na Universidade do Minho.

Resumo
O presente estudo trata da caracterização morfossedimentar e análise evolutiva recente do litoral entre o rio Minho e o rio Neiva incluindo os estuários dos principais rios da região, o Minho e o Lima.

Foram considerados para o efeito três tipos de ambiente: faixa costeira, dunas e estuários. O estudo destes ambientes teve como objectivos fundamentais:

1 - caracterização dos materiais dos depósitos através da análise textural, estudo das associações de minerais pesados e de minerais leves e morfoscopia e exoscopia de grãos de quartzo;

2 - análise de dinâmica marinha e estuarina, com recurso a diagramas de refracção e estudos de correntes de maré nos estuários;

3 - determinação e análise da tendência evolutiva recente e actual da linha de costa, com base na comparação de documentos cartográficos de épocas diferentes, fotografia aérea, levantamento periódico de perfis de praia e monitorização do recuo das arribas;

4 - inventário das causas e processos geológicos responsáveis pela evolução recente e tendência evolutiva actual da linha de costa com vista ao estabelecimento, de zonas com diferente sensibilidade à ocupação antrópica.

Os sedimentos das praias mostram variações nas características texturais que permitem identificar o sentido geral da resultante anual da deriva litoral de norte para sul e distinguir zonas de maior e menor energia e zonas de inversão do sentido da deriva litoral.

O tipo de costa depende das características lito-estruturais do substrato rochoso. A linha de costa actual ocupa uma plataforma de abrasão condicionada pelo contacto entre os granitos hercínicos e as formações metassedimentares ante-mesozóicas. Nas zonas de praia o contacto situa-se na plataforma litoral; portanto a praia desenvolve-se sobre a plataforma de abrasão. Nos troços de costa rochosa o contacto situa-se na zona submersa e a ausência de praia deve-se ao pendor acentuado da área continental adjacente.

A deriva litoral efectiva é muito inferior, cerca de 1/4, ao admitido para a deriva potencial na costa Ocidental portuguesa. Actualmente os rios têm uma contribuição fraca no fornecimento de materiais grosseiros, admitindo-se que parte da carga sólida da deriva litoral provenha de depósitos existentes na plataforma continental, por alimentação sazonal transversalmente à costa.

Durante o Holocénico o nível do mar esteve acima da cota actual permitindo a formação, entre outros, dos depósitos areno-limosos que constituem a unidade superficial preservada nas ínsuas e margens dos estuários.

A intervenção antrópica é a causa primeira da destabilização do equilíbrio costeiro e acarreta normalmente a necessidade de novas intervenções limitando-se quase sempre a deslocar o foco problemático.

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