O que são diaclases?

As diaclases ocorrem em todos os tipos de rochas e não são mais do que fracturas ao longo das quais não existiu movimento considerável. Normalmente, a maior movimentação corresponde ao afastamento dos compartimentos na direcção perpendicular ao plano de fractura.
As diaclases caracterizam-se pela sua extensão, forma da superfície de fractura (plana, curvilínea ou irregular), atitude, frequência (número de diaclases subparalelas) ou espaçamento (distância entre duas diaclases subparalelas consecutivas), aspecto da superfície de fractura (lisa, rugosa, granular) e enchimento (se as diaclases se encontram ou não preenchidas e quais os materiais que as preenchem).

As diaclases que possuem superfícies planas chamam-se diaclases sistemáticas. Estas diaclases têm uma orientação subparalela e um espaçamento regular (fig. 1). As diaclases que, numa mesma área, possuem uma orientação semelhante formam uma família de diaclases. As várias famílias de diaclases existentes numa determinada zona formam um sistema de diaclases (fig. 1).
As diaclases que possuem superfícies curvas ou irregulares designam-se de diaclases não-sistemáticas (fig.1).

Origem das diaclases

As interpretações propostas para explicar a origem das diaclases são diversas. No entanto, têm em comum o facto de se formarem por ruptura das rochas, como resultado de um campo de tensões aplicado a estes materiais (fig. 2).
Uma parte das diaclases resulta da actuação de tensões orogénicas sobre as rochas.

Para além de outras origens possíveis, as diaclases podem ainda resultar da expansão sofrida pelas rochas devido à descompressão provocada pela erosão dos materiais que as cobrem, ou da contracção provocada pela cristalização magmática (ver imagem ).

Diaclases nos granitos

Nas rochas intrusivas as diaclases podem ocorrer como resultado de mecanismos associados à implantação e arrefecimento do magma, bem como à deformação provocada por forças tectónicas a que a rocha é posteriormente sujeita.
A densidade da fracturação e a sua orientação pode variar com a forma, estrutura interna e proximidade dos limites do corpo intrusivo. O diaclasamento é mais intenso junto às margens do corpo ígneo.
Nas rochas ígneas são também muito frequentes diaclases que se desenvolveram subparalelamente à superfície topográfica (disjunção em laje). Pensa-se que estas estruturas, designadas por
fracturas de descamação, estão associadas à descompressão sofrida pelas rochas quando, devido à erosão, são retirados os materiais que as cobrem (ver animação).
Por vezes as diaclases encontram-se preenchidas por minerais resultantes da cristalização tardia de magmas ricos em voláteis ou resultantes da circulação de fluidos hidrotermais, formando-se assim filões, filonetes e veios de rochas pegmatíticas, aplíticas ou de quartzo.

Sendo os granitos rochas com permeabilidade baixa é, em geral, a existência de diaclases que possibilita a penetrabilidade da rocha pelos fluidos, contribuindo para o aumento de reservas de água subterrânea e facilitando ao mesmo tempo a alteração da rocha.
O estudo da orientação sistemática das diaclases fornece informações sobre a natureza e a orientação do campo de tensões que provocou a deformação. O seu conhecimento é importante, por exemplo, em áreas onde estão projectadas obras de construção civil.

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