Estudo tectónico do autóctone da região de Viana do Castelo - N de Portugal

Pamplona J.,Dias R. & Ribeiro A.

Apresentado na XII Reunião de Geologia do Oeste Peninsular, Évora, 1993
Terra nova Abstracts, nº 6, vol.5, p.4-5.

Resumo
A região da Praia Norte-Viana do Castelo é constituída litologicamente pelo Complexo Xisto Grauváquico, por uma Formação Quartzítico-Psamítica (Psamitos Inferiores, Quartzitos Maciços, Psamitos Superiores) e pela Formação de Valongo (Micaxistos Quiastolíticos com alguns níveis de ferro e Micaxistos com Andalusite e Granada).

A primeira fase de deformação hercínica (F1) encontra-se preservada, de modo claro, na Formação Quatzítico-Psamítica do Ordovícico. A acção do corredor de cisalhamento sinestrógiro de atitude média N20W/90° é determinante para a ocorréncia da geometria sigmoidal dos quartzitos, assim como dos cisalhamentos esquerdos e direitos detectados, sendo a resultante uma estrutura em dominó, também, sinestrógira. Neste corredor de cisalhamento os planos axiais das dobras são sub-verticais e de direcção N22-40°W, por seu turno os eixos de dobra são ondulantes (N36-50°W e S22-31°E com os valores de mergulho variando de, respectivamente, 40 a 880° e 50 a 600°). As lineações de estiramento-X1 estão segundo o eixo cinemático b, mergulhando para NW preferencialmente no intervalo compreendido entre 20° e 120° e para SE preferencialmente no intervalo compreendido entre 80 e 240°.

A segunda fase de deformação hercínica (F2) pode ser observada no CXG e na Formação de Valongo sendo facilmente caracterizada em análise microtextural: rotação dos minerais, em particular da andalusite e granada, ambas sin-F1; cristalização de micas definindo novos planos de xistosidade; retransposição da S1 (xistosidade de F1), visível ainda em raras microdobras, pela S2.

A terceira fase de deformação (F3) é definida pela presença de:
1. cisalhamentos, com alguma frequéncia conjugados, esquerdos N35-45W sub-verticais a verticais, e direitos N20W-N5E sub-verticais a verticais. As atitudes dos cisalhamentos F3 por vezes coincidem com as de F1, pelo facto, de frequentemente, estas serem retomadas ( reactivadas).
2. crenulação (14°-22°/132°-155° e sub-horizontal/322°-349°) e xistosidade (N16°-36°W/60°W-sub-vertical e N18°-23°W/80°-85°E) bem definidas. O estudo geológico-estrutural à escala regional e à escala de pormenor, quer em afloramento quer em lâmina delgada, permitíram compreender melhor a tectónica da região de Viana do Castelo e a variação do regime tectónico à medida que se caminha para Norte.

Lista de publicações