HISTÓRIA - A primeira vez" do Zé
Quando tive a minha primeira namorada, primeiro andávamos de mãos dadas e dávamos alguns beijitos na boca, depois, pouco a pouco, os beijos foram-se tornando cada vez mais profundos e as carícias por cima da roupa foram sendo substituídas, sempre que nos era possível, por carícias por baixo da roupa.
Quando aconteceu, eu percebi que a masturbação mútua me dava muito prazer. Ela não queria perder a virgindade e eu queria. Eu achava que ela tinha tanta curiosidade sobre a primeira vez como eu.
Não sei se eu queria ter relações sexuais porque há muito tempo sonhava com isso ou se era, principalmente, porque os meus amigos diziam que já tinham experimentado e tratavam quem ainda não o tinha feito como criancinha. Eu penso que a maior parte deles mentia! Eu também não tinha a certeza se já queria ter relações sexuais! Os meus pais sempre que falavam sobre o namoro dos jovens diziam que eram irresponsáveis, que no tempo deles havia mais respeito, que quase não apareciam jovens grávidas e que a SIDA e as outras doenças só apareciam em quem era leviano ou tinha relações sexuais com prostitutas ou com toxicodependentes. Eu sabia que não era bem assim, tinha medo de não colocar o preservativo na altura certa ou de não o colocar bem, tinha medo que ela não o quisesse usar e também não sabia como falar com ela sobre isso. Decidi não falar com ela sobre isso e ficarmos apenas pelas carícias íntimas sem chegar ao sexo. Eu acho que tomei essa decisão porque não queria desrespeitar a minha namorada, gostava muito dela e gostava especialmente de sentir que estávamos os dois a descobrir o prazer ao mesmo tempo. Eu estava cheio de medos: medo de não saber falar com ela e a perder; medo de não saber usar o preservativo e ter vergonha de o ir comprar; medo de lhe sugerir que tomasse a pílula para não engravidar e a mãe dela descobrisse e deixasse de gostar de mim
Às vezes ouvia histórias estranhas dos meus amigos. O André, por exemplo, contou a sua primeira vez. A rapariga tinha-se apaixonado por ele e embora ele não estivesse muito apaixonado por ela sentia-se muito excitado sempre que se tocavam. Um dia que os seus pais saíram, convidou-a para ir a sua casa. Ele contou que se despiram, meteram-se na cama rapidamente e ele já estava com o pénis erecto, por isso, colocou o preservativo com a ajuda dela, fingindo que não estava ansioso. Tudo se passou muito rápido, entrou, saiu, voltou a entrar
deu um nó ao preservativo e deitou-se ao lado dela. Não sentiu vontade de conversar ou de a acariciar. Percebeu que ela queria abraçar-se a ele. Ele não foi capaz de lhe perguntar como se sentia, de a abraçar
embora tivesse percebido que ela também estava ansiosa quando chegaram ao quarto. Antes que os pais chegassem saíram de casa. Sentiam-se os dois desconfortáveis e constrangidos e pouco conversaram.
Eu percebi que não queria que comigo acontecesse o mesmo. Decidi naquele momento que na minha primeira vez tinha que criar condições para que houvesse tempo para conversarmos, mesmo que não fosse logo depois da relação sexual. Eu também não sabia se me ia apetecer falar no fim, se me ia sentir satisfeito ou se ia sentir que tinha feito tudo errado. Mas, ao ouvir o André, percebi que para mim era importante que a minha primeira vez não acabasse como a dele. Tinha que acabar com intimidade. Queria partilhar o que sentia, queria falar sobre os nossos medos e sobre o que nos deu mais prazer. Também queria que antes da primeira vez falássemos sobre o contraceptivo a usar e como iríamos comprar e colocar o preservativo.
Um dia aconteceu a minha primeira vez com a Joana. Ela não foi a minha primeira namorada, nem é a minha namorada actual, mas também estava muito apaixonado por ela. Antes desta primeira vez acontecer falamos várias vezes de prevenção de doenças e da gravidez. Primeiro falávamos a propósito dos outros e, depois, começamos a ganhar coragem para falar de nós. Não era fácil, nunca é fácil falar sobre nós e expor a nossa intimidade. Um dia decidimos que eu iria comprar preservativos e que ela iria à consulta Jovem para colocar as nossas dúvidas e começar a tomar a pílula. Estas conversas deram muita segurança à nossa relação, aumentaram a nossa intimidade e fizeram-nos sentir mais à vontade para quando acontecesse a primeira vez.
De repente, os meus pais disseram que iriam passar o fim-de-semana fora, eu disse que tinha que ficar a estudar, o que era verdade. Mas, nesse sábado, a minha vontade de estudar passou e cada vez sentia mais que tinha chegado o momento certo. Afinal, as coisas passaram-se quase como tinha contado o André, uma mistura de medo e ansiedade, mas, a grande diferença, é que se tinha passado algo de especial para nós dois. Passámos o fim de semana juntos, quase sempre na cama e, às vezes, a fazer amor. O nervosismo e a ansiedade começaram a passar. Conversámos muito, ganhamos mais cumplicidade e confiança um no outro, sentimos que o nosso amor nunca iria acabar. Hoje sei que esse amor acabou e que se na altura tivéssemos pensado nessa hipótese muita coisa poderia ser hoje muito diferente
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